Racismo e desigualdade são tema de filme e debate no Conselho

Live se baseou no filme M8 Quando a Morte Socorre a Vida

Nesta terça-feira, 1, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) recebeu a  live “Desigualdade Racismo Brasil”, que teve caráter especial, pois utilizou como base o filme “M8 Quando a Morte Socorre a Vida”, fazendo uma reflexão sob a perspectiva da arte. O longa metragem conta a história de Maurício que acabou de ingressar na Universidade Federal de Medicina. Na sua primeira aula de anatomia ele conhece M8, rapaz negro como quase todos os corpos no laboratório.

Junto com o diretor do filme, Jeferson De, a conselheira do CRP-MG, Liliane Martins e o psicólogo Alessandro Santos participaram desta cartografia, que leva das telas do cinema para a realidade da população negra no Brasil. A mediação foi realizada pelo também conselheiro do CRP-MG, Fabrício Ribeiro, que ao abrir o debate, ressaltou o compromisso ético da Psicologia em trabalhar para mitigar os preconceitos que são estruturais na sociedade brasileira, inclusive a loucura. Ele aproveitou para convidar toda a comunidade acadêmica relacionada à Psicologia para participar das atividades do Conselho, destacando o trabalho da Comissão de Orientação em Psicologia e Relações Étnico-Raciais.  

Jeferson De, então, relatou como foi a construção do filme, “que baseou em obras tão contemporâneas quanto a própria película”: Racismo Recreativo, de Adilson José Moreira; Racismo Estrutural, de Sílvio Almeida; Umbanda Religiao Brasileira: Guia Para Leigos E Iniciantes, de Flávia Pinto; e Necropolítica, de Achille Mbembe. “Esses livros solidificaram a posição do M8 Quando a Morte Socorre a Vida, que surge do desejo de arte, mas também da reflexão, da inquietação de como se estrutura o racismo no Brasil e desde a primeira cena, nossa ideia foi subferter a maneira como nós, negros, temos sidos retratados no cinema brasileiro, sobretudo a juventude pobre e negra brasileira”, pontuou.

Na sequência, o psicólogo Alessandro Santos relembrou seus tempos de graduação quando assistia aulas ligadas às Ciências Biológicas: “nas aulas de anatomia chamávamos os cadáveres de peças anatômicas e enquanto assistia esse filme fui mergulhando na ideia de que o corpo preto continua sendo considerado uma peça anatômica, um objeto onde não habita vida. O racismo no Brasil não é velado, não é sutil para quem vive. Ele produz marcas profundas. A vida não socorre para alguns. A cena final dos vários nomes sendo ditos, evocando uma vida, uma entidade, trouxe um aspectos central, que é dar nome socorre a vida. Dar nome ao corpo dá a ele uma história, uma marca”, assinalou. 

Para concluir a primeira etapa da live, a conselheira do CRP-MG, Liliane Martins, trouxe para as reflexões a importância do Movimento Mães de Maio – fundado depois da morte de 564 pessoas durante 10 dias em 2006. “Das pessoas assassinadas na época, 50% eram negras e 94% não tinham antecedentes criminais. Esses dados reforçam a relidade da mulher negra, de quem é retirado o direito à maternidade desde a escravidão, quando os filhos eram vendidos como produto. Hoje esse direito ainda é tirado pelo Estado. Precisamos fazer essa reflexão, que está no filme, na cena que o médico pensa em assinar ou não o documento do óbito, porque para ele não importa se o corpo tem família, se vai ter um enterro digno. Isso retrata o estado de colonização que ainda estamos”, concluiu a psicóloga. 

Assista aqui a live:

Confira também os materiais que o CRP-MG, por meio da Comissão de Orientação em Psicologia e Relações Étnico-Raciais, tem elaborado para o enfrentamento ao racismo:

Fôlderes :

Ações Afirmativas                        Branquitude                         Comissão

Genocídio da Juventude Negra             Racismo Institucional             Resolução CFP nº 018/2002

Notas:

Posicionamento – Psicologia contra o racismo: o fim do genocídio do povo negro é urgente!

Orientação e Posicionamento sobre racismo, demais atos discriminatórios e a prática de psicólogas(os)

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