3º Encontro Estadual de Psicólogas(os) do SUAS ressalta história da política de Assistência Social

Momento de intercâmbio de experiências, capacitação e partilha de vivências profissionais que confirmam Minas como uma região com muitos avanços, mas também com inúmeros desafios na proteção e garantia de dignidade dos cidadãos. Esses foram os objetivos do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) ao promover, por meio da Comissão de Psicologia e Política de Assistência Social, o 3º Encontro Estadual de Psicólogas(os) do SUAS, no último dia 24/5, em Belo Horizonte. Cerca de 500 pessoas, entre profissionais do interior e da capital e estudantes, participaram da atividade.

Na primeira etapa do evento, denominada “Conversando sobre Psicologia e fortalecimento de vínculos”, participaram como debatedoras as psicólogas: Camila Quina, docente nos cursos de Psicologia, mestrado em Bioética e Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem da Univás – Pouso Alegre; Célia Nahas, atua desenvolvendo trabalhos de fortalecimento da rede de atendimento a crianças e adolescentes para o enfrentamento à violência sexual, com a realização de planos de ação junto ao Sistema de Garantia de Direitos; Márcia Mansur, professora da PUC Minas e conselheira do CRP-MG; e ainda, Simone Albuquerque, diretora de Relação com o Sistema de Garantia de Direitos da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania de Belo Horizonte; e Simone Oliveira, conselheira municipal de Assistência Social de Belo Horizonte, representante das(os) usuárias(os) do SUAS, liderança comunitária, promotora e defensora popular.

História de conquistas – Ao iniciar a fase de apresentações, Simone Albuquerque ressaltou que a principal conquista do SUAS foi o direito de que “as pessoas não se sintam humilhadas, abandonadas, e que a história delas de exclusão é problema delas. Nós conseguimos colocar no patamar da assistência social brasileira que a sociabilidade é um direito coletivo”. Célia Nahas, por sua vez, ressaltou o quanto a política é fundamental para crianças e adolescentes já que a partir da criação do SUAS esses públicos se tornaram protagonistas de direitos, inclusive de uma família protetiva. “Nosso papel de trabalhadora é acolher e fortalecer as famílias para que consigam de fato se responsabilizar pelo outro”, afirmou. E neste sentido Simone Albuquerque chamou a atenção para a necessidade de “fazer o Plano Individual de Acolhimento (PIA), pois é um direito da criança”.

Na sequência, Márcia Mansur convocou o público a revisitar a história do SUAS e da própria Psicologia. “Temos que resgatar o passado para dar sentido ao hoje. Essa Psicologia que a gente acredita tem muita articulação com as políticas públicas, mas não é desde sempre. Nasceu para acomodar os indivíduos, para adequar e normatizar, para fazer com que o indivíduo produzisse. Era muito elitista, individualista e tudo isso coincidia com a época do assistencialismo”, relembrou. Segundo ela, aos poucos a profissão percebeu que se não se abrisse grande parte da população não seria atendida. E completou: “foi nos últimos 30 anos, quando aconteceu a construção das políticas públicas, que a Psicologia começou a rever seu papel frente à desigualdade social e como incide na subjetividade dos sujeitos. Temos uma contribuição muito grande no desenvolvimento da política”.

Na avaliação de Márcia Mansur a Psicologia é importante colaboradora para três seguranças do SUAS: acolhida, convívio familiar e desenvolvimento da autonomia individual. “Temos nos debruçado para construir cada vez mais metodologias ações atividades que visem garantir essas seguranças”, finalizou.

Representando as(os) usuárias(os) do SUAS, Simone Oliveira, relatou como a política fez e faz parte de sua vida. “Descobri que eu tenho direito à assistência social e que isso não é caridade. Eu tenho direito. São muitas as dificuldades para acessar, conseguir um benefício. Nossas necessidades são urgentes. Mas aprendi que o caminho não é recuar. Você tem que lutar. A Psicologia me resgatou para ter forças, me mostrou que tenho direitos”, assinalou a líder comunitária.

E para encerrar, Camila Quina apontou as questões acadêmicas. “O SUAS não é exclusivo da Psicologia Social. Mas é a área que mais deu conta de pensar e intervir na política”. Ela enumerou alguns avanços como a abertura no currículo para disciplinas de Psicologia Social, mas ressaltou o preconceito existente de considerar que se trata de uma área menos importante na formação. Também comemorou que será implementado em todos os currículos a ênfase em políticas públicas. Finalizou chamando a atenção para o fato de que os retrocessos e violências atuais “estão provocado uma contraforça, várias resistências. Temos cada vez mais a criação de coletivos, de espaços de diálogo”.

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