CRP-MG apontou os desafios da psicologia na saúde pública durante seminário

“A estratégia que devemos adotar no nosso corpo a corpo com os dispositivos não pode ser simples, já que se trata de libertar o que foi capturado e separado por meio dos dispositivos e restituí-los a um possível uso comum”. Com esse pensamento norteador do filósofo italiano Giorgio Agamben, o  Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) planejou e realizou o Seminário Mineiro de Psicologia na Saúde Pública, nos dias 8, 9 e 10 de outubro, em Belo Horizonte. Cerca de 150 pessoas, entre psicólogos, educadores, médicos, sanitaristas, advogados e estudantes, participaram das oito mesas de debate que envolveram cerca de 30 palestrantes. Clique aqui para ver as fotos do evento.

Segundo a conselheira, coordenadora da Comissão Psicólogos na Saúde do CRP-MG e integrante da comissão organizadora do Seminário, Odila Braga, o evento foi elaborado com muita perseverança por um grupo de 11 pessoas entre conselheiros e colaboradores do Conselho, e conquistou uma repercussão muito positiva. “Lutamos para construir um evento forte, que trouxesse à tona as questões mais importantes para o campo da psicologia e conseguimos. Temos agora um instrumento para nossas ações no Conselho. A próxima meta é interiorizar as discussões e repercuti-las em outros debates”, avaliou ela.

Os objetivos do evento, colocados pelos integrantes da mesa de abertura oficial e pelos membros da comissão organizadora do Seminário, foram alcançados na opinião de Odila Braga. O primeiro deles, apontado por Lecy Moreira Rodrigues, psicóloga e presidente da Associação Brasileira de Ensino de Psicologia (Abep), se constituiu na discussão dos efeitos da formação acadêmica, sobretudo diante do contexto atual e da perspectiva da educação no país. “Precisamos refletir sobre que profissional queremos ter. Precisamos formar pessoas que reforcem o compromisso social da Psicologia. Outra conquista que não podemos abrir mão é da saúde multidisciplinar”, ponderou Lecy.

Políticas públicas – Ainda na questão da formação, Enildo Louback, psicólogo clínico, presidente do Sindicato dos Psicólogos do Estado de Minas Gerais (Psind/MG), e Lourdes Machado, psicóloga, integrante da Comissão de Saúde do CRP-MG, conselheira Estadual de Saúde e também diretora do Psind/MG, pontuaram a necessidade de aprofundar as discussões em torno das políticas públicas. “Muitas vezes o próprio professor não tem essa vivência, mas a psicologia é vanguarda em vários assuntos e a academia precisa se atualizar”, alertou ela.

Outro objetivo cumprido no Seminário foi o debate em torno do Sistema Único de Saúde, o SUS. A coordenadora Estadual de Saúde Mental de Minas Gerais, representando a Secretaria de Estado da Saúde, Marta Elizabeth de Souza, enfatizou que apesar de todas as adversidades que a profissão está enfrentando, o CRP-MG continua cumprindo seu papel de resistir e discutir temas urgentes como este. Para ela, o momento é de extrema gravidade pela escolha do novo ministro da Saúde “por ser a favor da privatização da saúde e das internações”.

Na opinião de Eduardo Ornellas, psicólogo pela Residência Multiprofissional em Saúde da Família de Betim/MG e colaborador da Comissão de Psicólogos da Saúde do CRP-MG, e de Fernanda Magano, psicóloga na Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo, conselheira Nacional de Saúde e presidente da Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi), o evento promoveu as condições ideais para que os participantes pudessem ser instigados a pensar e a trazer informações novas.

“O CRP-MG foi muito sagaz ao construir este evento no momento em que a saúde pública  está em risco, tanto pelos problemas de financiamento como de gestão. A mudança no Ministério da Saúde foi algo muito ruim para nós. O ministro anterior era muito engajado com as pautas de saúde e entendia nossos anseios para construção da Rede de Atenção Psico-Social (Raps). Por isso, nos organizarmos nessa a luta é fundamental”, afirmou Fernanda que concluiu sua avaliação sobre o Seminário ressaltando a necessidade da categoria mostrar, cada vez mais, quanto é importante para a constituição da saúde pública do país na perspectiva de tecnólogos da subjetividade.

Confira abaixo a notícia de cada mesa temática do seminário:

Mesa “Saúde pública: de que profissional precisamos?”

Mesa Apresentação da pesquisa “Atuação de Psicólogos na Atenção Básica à Saúde em MG”

Mesa “O (A) psicólogo (a) e o trabalho no SUS”

Mesa “Políticas de formação no SUS – avanços e desafios”

Mesa “Atenção Básica na Saúde Pública”

Mesa “Psicologia na atenção especializada – política para urgência e emergência de SM e hospitalar”

Mesa “A psicologia e as políticas públicas de álcool e outras drogas”

Mesa “Compartilhando experiências”

A publicação com a síntese das contribuições feitas aos Seminário pode ser acessada aqui.



– CRP PELO INTERIOR –